Projeto brasileiro vence na Guatemala prêmio de Inovação Social promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal, e pela Fundação Kelogg; Observatório Social, em Maringá, fiscaliza o uso do dinheiro público pelo município.
Laura Kwiatkowski, da Rádio ONU na Guatemala*.
O século vinte e um começou com notícias pouco promissoras para a cidade de Maringá, no estado do Paraná. O prefeito havia desviado U$S 50 milhões de recursos estatais.
As pessoas se indignaram. Os envolvidos foram declarados culpados mas o dinheiro nunca voltou aos cofres do Estado.
A sociedade civil resolveu tomar conta do assunto. As igrejas de diferentes denominações, os maçons, os empresários, o Rotary, os sindicatos e outros setores se reuniram para discutir a situação, explica Ariovaldo Costa Paulo.
Dinheiro Público
"Chegamos a conclusão de que tínhamos que fazer algo. Uma pessoa com quem convivíamos assinava um cheque da prefeitura e comprava um carro zero quilômetro. O dinheiro era público, e o conceito do dinheiro público parace que não tinha dono. O dinheiro é do público e não público".
Então eles criaram uma organização não governamental chamada Observatório Social de Maringá, do qual Costa Paulo é vice-presidente. O primeiro passo foi controlar as licitações para evitar a ocorrência de desvios, e reduções imediatas e significativas foram alcançadas.
"Se um tem uma licitação com duas empresas e uma diz que a mercadoria custa 1000 quando custa 100 e não há concorrência, ela ganha. É legal. Quando existia a inflação se adicionava os 20 por cento. Mas se esqueceram de dizer aos funcionários que havia acabado a inflação e continuaram colocando os 20 por cento".
Licitações
Às vezes o preço final da licitação alcançava até 7500% acima do preço de mercado, diz Costa Paulo. O Observatório obteve êxito em aumentar a concorrência atraindo mais empresas a essas licitações. Na verdade, trabalha com três metodologias.
"Primeiro, observamos a descrição do edital. Se esse edital não está direcionado a uma empresa em particular. Se for assim, corrigimos. Trabalhamos em tempo real antes que se desvie o dinheiro. Se tem problemas, pedimos que cancele a oferta".
Estuda também o orçamento, preços, qualidade e quantidade e acompanha a entrega do produto, que deve ser coerente com o pedido. O Observatório ainda supervisiona os gastos municipais e faz com que as contratações de pessoal sejam feitas através de concursos públicos.
O que pensam do Observatório Social os funcionários do município? Costa Paulo responde.
Prêmio
"Entre os políticos há uma certa aversão. Agora entre os funcionários públicos, os funcionários de carreira, o Observatório tem uma acolhida muito boa. Porque no Brasil temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, ao redor de 40%, mas não recebemos os serviços. Então pagamos impostos de primeiro mundo e recebemos serviços de terceiro mundo. O que queremos, o que todos os cidadãos querem é receber os serviços".
A atuação do Observatório para evitar o mau uso do dinheiro público, adiciona Ariovaldo Costa Paulo, permite investir a poupança em saúde, educação e acabar com a fome e a miséria, e alcançar assim os objetivos do Desenvolvimento do Milênio.
Este projeto foi o vencedor do Concurso de Inovação Social organizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal, e pela Fundação Kelogg.
*Apresentação: Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.
Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.
'Cem ideias para salvar o planeta'. Esse é o nome de uma competição lançada nesta terça-feira pelo Banco Mundial, em Washington DC, capital americana.
Durante quatro dias um júri formado por especialistas e profissionais internacionais vai debater os 100 projetos finalistas vindos de várias partes do mundo.
Inovação
O objetivo é selecionar entre 20 e 25 propostas inovadoras referentes às mudanças climáticas.
Mais de 1,7 mil inscritos participaram da primeira fase de seleção. Os escolhidos para a última etapa vem de 47 países, incluindo projetos da América Latina e do Caribe, como o trabalho de gestão de risco de desastres apresentado por uma comunidade da cidade de Cochabamba, na Bolívia.
Os finalistas deste ano foram selecionados com base em três tópicos: resistência dos povos indígenas, gerenciamento de riscos com múltiplos benefícios e adaptação climática.
Entre os projetos estão propostas de grupos indígenas, que somam 250 milhões de pessoas no mundo e estão entre os habitantes mais ambientalmente ameaçados do planeta.
Vencedores
A competição faz parte do 'Mercado de Desenvolvimento', programa de recursos administrado pelo Banco Mundial.
Os escolhidos irão receber até US$ 200 mil, cerca de R$ 345 mil, para transformar as ideias em ação num período de dois anos. Os vencedores serão anunciados na próxima sexta-feira, dia 10.
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