Por Silvia Marcuzzo, para a Envolverde
Pela sua importância estratégica, o Brasil deveria chegar à Convenção com uma proposta ousada, segundo Pinguelli Rosa.
O Brasil, um dos países de maior importância estratégica do mundo para o enfrentamento do aquecimento global, não está fazendo o seu dever de casa para participar da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC), que será realizada em dezembro próximo em Copenhage, na Dinamarca.
O painel “O agronegócio, as mudanças climáticas e o aquecimento global: o que propor para Copenhage” deu indicações de que falta engajamento do governo, principalmente em relação a políticas de ocupação do solo, tema que foi renegado, proibido, até pouco tempo atrás. Hoje, de acordo com o mediador, o ambientalista Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, o cenário evoluiu. Ele acredita que o momento é importante para aprofundar a questão, pois “na América do Sul, temos 240 milhões de hectares ocupados com pastagem e 60 milhões de hectares com agricultura”, revela.
O professor Luiz Pinguelli Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador geral do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, afirma que o Brasil deveria chegar em Copenhage com uma proposta ousada, em defesa do uso do etanol, com um plano de mudanças climáticas com metas de redução do desmatamento, e apresentar uma alta porcentagem para o uso de energias renováveis em sua matriz energética.
Rosa reforça sua citação utilizando dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC): o crescimento de gases de efeito estufa (GEE) aumentou 70% de 1970 para 2004. De 1970 para 2005, a geração de energia elétrica aumentou 145%, o transporte 120%, a indústria 65% e a mudança uso da terra 40%.
Já Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), entidade que agrega as produtoras de 60% da cana brasileira, acredita que o debate envolve, além do empresariado, organizações não-governamentais e governos. Para ele, o setor sucroenergético desempenha um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas. Na oportunidade lembrou que o setor privado tem acompanhado as movimentações para o encontro de dezembro. Inclusive informou que o setor fará um grande evento na conferência.
Ele reconhece que boa parte da redução de emissões pode ser feita com eficiência energética. Argumenta que o Brasil pode servir de exemplo para o mundo, no que se refere a energias renováveis. “Aqui, 90% dos carros já são flex, é possível encontrar álcool em qualquer posto e 25% da gasolina já vem com etanol”. E mais: “Temos duas Itaipus adormecidas nos canaviais”, adverte o empresário.
“Estamos decidindo hoje a matriz de amanhã”, salienta Jank, reforçando que a sociedade precisa se mobilizar para não aceitar o petróleo e seus derivados de baixa qualidade como combustível ou para geração de energia. O empresário defende um mercado interno de carbono, com comércio entre setores. “Hoje o Brasil só aproveita 8% do seu MDL”, alerta. A China vende 35% dos seus créditos de carbono. Para ele, há muitos problemas com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que ele espera tratar em Copenhagen.
Com um discurso conservacionista, Jank defende o desmatamento zero e acha um contracenso, desmatar para plantar cana. É favorável ao zoneamento agroecológico e, pelas suas palavras, “deve ser definido o não plantio de cana no Pantanal”. Ainda defende um maior diálogo entre as partes para resolver as questões do Código Florestal e acredita ser fundamental a normativa do Ibama para térmicas a carvão e petróleo para compensação do carbono emitido. (Envovlerde)
(Agência Envolverde)
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